Suicidas, um suspense de Raphael Montes

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Por Raquel de Mattos – Quando comecei a ler Dias Perfeitos, eu logo fiquei sabendo que ele havia lançado um livro anteriormente, chamado “Suicidas”. Confesso que não fiquei muito empolgada, nem com a sinopse, nem com a capa, nem com o tema, nem com o título. Afinal um bando de adolescentes que se reúne pra se matar não me convencia muito. ERRADO.

Tá, tudo bem, é só um livro, pode ficar pra lá. NÃO! Estava enganada. Depois de ter sido fisgada e devorada em Dias Perfeitos eu PRECISAVA ler Suicidas. Não estava nem aí com o que eu tinha pensado antes. “Largue seus pré-conceitos”, “o menino é bom, vai lá logo”, “deixa de ser fresca”, foram os pensamentos que eu tive. Fui lá e encarei.

No começo eu fiquei um pouco confusa com tudo o que estava acontecendo, até me integrar com os relatórios da polícia, com os trechos do livro que o Alessandro (Alê) estava escrevendo e com o que ele mesmo conta das conversas com os outros. Mas isso foram em uns dois capítulos, e logo eu me resolvi. Li tão rápido quanto Dias Perfeitos – dois ou três dias, porque não podia ler o dia inteiro, como eu queria. E fui me envolvendo com a história e seus personagens (o cara é bom nisso!). E não só a empatia, mas também a antipatia e todos os outros sentimentos que os personagens sentem um pelo outro e te jogam como bolinhas de pingue-pongue, pra lá e pra cá, como se fôssemos nós os joguetes, nem pensando, nem decidindo, só indo. E eu fui. Naveguei em mares de sangue, sofrimentos maternais, conflitos emocionais e um bocado de claustrofobia.

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A trama é bem desenvolvida e não nos permite antever as situações (as que de fato aconteceram, somente ele nos leva para onde ele quer, como já disse). A narrativa não expunha nenhuma novidade estilística ou literária, mas tem aquele objetivo secreto de te surpreender e não fazer com que caiamos no cansaço ou enfado do livro. Serve bem a todo público e, assim como tantos outros do gênero, deve (ou deveria) ficar longe (ainda) de mãos infantis. Fora isso, totalmente recomendado!

O enredo não te enrola, não te deixa desistir, te leva sem que você tenha chance de voltar atrás. Construído em rede para que tudo fosse finalizado (apesar de eu achar que algumas coisas ficaram meio “entregues” demais, mas nada que comprometesse a qualidade da obra), o autor manipula todo mundo – mas não nos convence a nada, ok? – e apreciamos uma boa história. Eu adorei! E pretendo reler em breve! O livro é tão impactante que foi produzida uma peça de teatro, Roleta Russa, que está em cartaz andando pelo país. Pena que ainda não deu para ver!

Se você, como eu, estava de preconceito com o livro, com a história, com a capa ou com qualquer outra “desculpite” do gênero, dispa-se deste véu negro que cobre a sua visão e aprecie o que vale a pena. Raphael Montes é o autor do momento, sim, e vai muito em breve ter o reconhecimento para além do seu público, o que é mais que merecido por tudo o que fez e tem feito.

Abraços literários!

 

Título: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Editora: Benvirá
Páginas: 488
Ano: 2012
Este livro no Skoob

SINOPSE: Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – e aparentemente sem problemas – a participarem de uma roleta-russa? Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio. Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte dos seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo muito maior começa a se revelar.

 

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2 comentários em “Suicidas, um suspense de Raphael Montes”

  1. Não achei que valeu a pena. O final é parcialmente previsível. A parte que não é previsível é a que envolve comportamento totalmente atípico de alguns personagem no final. Achei que retrataram os jovens como “retardados”.

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